"Cândido, ou O Otimismo", de Voltaire

"[...] aqueles que se arriscam a dizer que tudo está bem
disseram uma tolice; era preciso dizer que
tudo está o melhor possível".
Minha primeira incursão pelo mundo de Voltaire começou com essa pequena novela escrita, segundo contam, em três dias. Admito que ler essa pequena (e maravilhosa) narrativa não me custou mais que três horas (grande parte delas em um engarrafamento de um dia chuvoso de BH). Não que os assuntos tratados nela sejam levianos, dignos de um best-seller, mas sim pela forma como Voltaire a conta.
Para os que não o conhecem, François-Marie Arouet (Voltaire) foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês. Suas obras e ideais influenciaram diretamente a Revolução Francesa e a Americana. Ferrenho defensor das liberdades civis, ficou conhecido pelas sátiras que fazia contra a igreja e a monarquia da época. Por isso, ao publicar Cândido, em 1759, não o assinou, colocou a seguinte observação: “Traduzido do alemão, de autoria do Sr. Dr. Ralph, com os adendos que se encontraram no bolso do doutor quando morreu em Minden, no ano da graça de 1759”. E, mesmo em cartas, negou a autoria se referindo a ela como uma “brincadeira de colegial”.
Cândido, ou o Otimismo, foi escrito em forma de fotogramas, em que, cada capítulo, além de curto, é extremamente veloz, o que deixa a leitura mais interessante; sem falar que, assim que se termina um, o seguinte começa como uma continuação do anterior. Narra a história de Cândido, um rapaz que cresce em um castelo da Vestfália e ouve os ensinamentos do senhor Pangloss, que ensinava a metafísico-téologo-cosmolonigologia e provava que não há feito sem causa. Tudo ia muito bem, Cândido morava no lugar que ele acreditava ser o melhor do mundo e era muito feliz, até o dia em que beijou a senhorita Cunegundes (filha do Barão do castelo) e é expulso a pontapés do lugar. A partir daí, o que acontece é uma sucessão de desgraças que, de tão absurdas, se tornam cômicas e, a todo instante, a fé do jovem e os ensinamentos de seu mestre são colocados à prova. Cândido dá uma verdadeira volta ao mundo, saindo da Europa, passando pela América do Sul até chegar ao Eldorado (único lugar realmente bom e feliz, do qual ele sai) e  voltar para a Europa e, em todo lugar, ele parece encontrar somente a miséria, a morte, a injustiça e a desgraça. Outra coisa que diverte é o morre-não-morre de vários personagens que, após sumirem no início do livro, voltam para contar ao jovem suas próprias desgraças e de como sobreviveram. 
Parodiando as narrativas de aventura muito em voga na época, Voltaire questiona a todo instante a origem do mal e seu lugar no mundo. Mundo esse que parece caminhar para a ruína (não só dos lugares, mas principalmente dos homens) e não apresenta salvação alguma. Após todas as peripécias e de vivenciar o mundo real, Cândido acaba por chegar à única conclusão possível: que temos que aceitar o mundo como ele é e aprender a viver nele, “mas temos de cultivar nosso jardim”.
Para comprar:

Espero que apreciem a leitura, assim como eu.

Um beijo, 
da Menina Leitora, Karina Mitalle.

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